Último outono.Não muito alegre, mas nem tão triste, apenas um outono diferente.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Blog da Neide

Há tempos venho pensando em
criar um blog com esse nome.
Acredito no poder de comunica
ção da internet. Embora tenha
consciência, de que o jornal escrito não deixará de existir nunca. Isso porque o País não oferece condições para que todos brasileiros tenham acesso à informática.
Da mesma maneira que reconheço a dificuldade das pessoas de mais idade em acessar e manipular um computador. Mas a internet é uma tentação na medida em que posso dar vida e luz para aquilo que escrevo.
Contudo, há uma justificativa para a criação desse blog, embora eu não deixe de escrever para os jornais, porque essa é a minha coqueluche, a minha paixão. Todas as pessoas gostam de fazer alguma coisa. A minha vida eu passei lendo e escrevendo por um prazer imenso. Meu cérebro inquieto busca constantemente alguma coisa para estar criando. São mais de mil crônicas e quase duas centenas de poemas que pululavam e pululam em busca de rimas, emoções sentidas ou fantasiosas que fervilhavam a minha mente, tomando corpo e exigindo alma. Esse fenômeno de poemas exigirem alma, todas as pessoas que escrevem sabem disso.
Digamos que isso também possa ser considerada uma doença hoje comum conhecida por TOC, que significa - Transtorno Obsessivo Compulsivo. Claro que esse transtorno está relacionado a atitudes comportamentais que levam às pessoas a agirem diferente das demais. Pessoas que são viciadas em comprar sapatos possivelmente sofrem desse transtorno.
Dia desses, visitei uma senhora que tem mil e duzentos pares de sapato. Sinceramente espantei-me com o relato de que ela não pode passar frente a lojas de sapato sem comprar um ou dois pares. E ela acha isso normal para a vida que leva. É cantora. O que impressiona é a compulsão, a sensação inclusive de sentir um suor frio que ela sente ao adquirir aquele sapato, mesmo que depois ela não o use. Assim como existem pessoas que se sentem sujas e só querem ficar horas tomando banho.
O grande cantor Roberto Carlos há pouco tempo assumiu que sofre essa doença porque não suporta cores escuras e só se veste de azul ou branco. Por isso eu me considero portadora dessa síndrome. Sou leitora compulsiva e escrevo compulsivamente. Não sinto o passar das horas. Não tenho horário para comer, ou dormir. O meu almoço ou jantar é na hora que o estômago grita de fome.
E na maioria das vezes, durmo com o Notebook ligado. Acordo às 4h ou 5h, escrevo crônicas, artigos para revistas, contos, poemas e nunca sei a que horas eu apaguei. Também não me incomodo com barulho, música, ou latido de cachorro. Mas amo o silêncio da madrugada. Só uma coisa me faz parar de escrever, quando ouço o cantar dos passarinhos. Sinto uma atração irresistível pelo canto mavioso dos pássaros. Os reis da madrugada cantam e minhas mãos se cruzam, fecho os olhos e faço excelente higiene mental, sugando a energia fantástica que eles emitem na natureza.
Não tenho nada de maluca, mas reconheço que dentro de mim, tenho diversos EUS. Um diferente do outro. E percebo claramente quando a mudança se dá. Tenho diversos apelidos e cognomes. E cada um desses EUS escreve de maneira diferente. Vejamos quantos eus e quantos apelidos existem na mesma pessoa. A Cigana adora correr mundo deitar Tarot, Oráculos, Runas e Cartas. A aventureira já correu o Brasil de ponta a ponta. A mulher Fulô é terrivelmente romântica e se apaixona pelas pessoas que respeita e acima de tudo admira. Se não admirar não ama, mas exigente demais, escolhe a dedo, com quem se relaciona. Escolhe os amigos, pela inteligência, pelo carisma e pela personalidade. Não se desgasta e nem se deteriora. Acabou o amor, sai fora depressa, mas de mansinho. A Flor é mais social, festeira, jantares, danças, roda de amigos, curtição de amizade real e verdadeira. For de Luxemburg, cognome usado na ditadura, mulher corajosa e guerreira, abrindo caminho a ferro e fogo, em busca da liberdade perdida única coisa pela qual se justifica morrer. Donaflor, a mãe boba e apaixonada pelos filhos e minha família, aqueles que são carne da minha carne e sangue do meu sangue e por eles eu viro bicho.
A mulher livre, autêntica, sincera e que é o somatório de todas as outras, porque em cada uma dessas mulheres estou eu fragmentada, mas por inteiro. O blog vai mostrar corpo, alma, coração, pensamento, palavras e obras de Neide de Azevedo Lima.

Neide de Azevedo Lima, é Escritora e Colunista do Diário do Iguaçu, jornal de Chapecó SC

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