Último outono.Não muito alegre, mas nem tão triste, apenas um outono diferente.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

SoLiDãO.


Sentir solidão é um processo desgastante. Ela pode ser sentida pela pessoa que está só, e não tem, nem pensa em desfrutar da companhia de alguém, ou pode estar no meio de uma multidão e se sentir solitária. Sentir-se solitária no meio de uma multidão pode significar sintomas de depressão. Porque uma pessoa que não sente prazer em estar em companhia de alguém ou de outras pessoas só pode estar sofrendo de solidão estressante. Esse sintoma por ele mesmo pode significar carência afetiva ou desejo de viver só. Se o desejo é de viver só, não é solidão. É opção, um desejo interior de desfrutar de si mesma. A convivência com ela mesma não é fácil para qualquer pessoa, porque exige conhecimento de si mesma, como pessoa, como ser humano racional. E se a pessoa se sentir chata com ela mesma, o que isso pode significar para as outras? E a solidão leva as pessoas a se afastarem e se tornarem cada vez mais exigentes com as companhias com as quais deseja se comunicar ou conviver. Elas se afastam de realidade amorosa e passam a se fechar, a não se abrirem para novas amizades e para uma convivência afetiva. Isso significa relegar ao segundo plano as necessidades emocionais e as leva a sublimação. Todo ser humano que sublima suas necessidades pode se tornar neurótico. A exigência extremada as faz sentir objetos e não pessoas. Quando procurada por alguém imediatamente pensam que estarão sendo usadas. E se afastam instintivamente, porque elas mesmas se consideram objetos. Essa realidade é triste e acontece mais do que seria de se desejar. Dia desses uma atriz famosa declarou:
“Cada vez me sinto mais só, porque as pessoas com que eu encontro, bato papo, começo a chegar mais perto, e quando estou quase lá, saco que não gostam de usar camisinha. Ou ele chega perto de mim, com a idéia de usar camisinha, ou não vai usar meu corpinho, não”.
Essa expressão terrível: “ou não vai usar meu corpinho, não”, me deixou triste e profundamente intrigada.
Como pode uma mulher inteligente, um ser humano, com toda a inteligência emocional que deveria ter, sentir-se usada numa relação afetiva. Ou ela quis se referir a um caso esporádico.
Aí a coisa fica pior ainda, porque significa que se usar preservativo a transa pode acontecer, independente de estar ou não emocionalmente envolvida. E se a transa acontecer com alguém com quem a mulher não está envolvida emocionalmente, seria realmente usada, porque cedeu o corpinho. Chocante a situação e a análise. Ser usada se o parceiro usar preservativo, pode. A diferença está entre ser parceiro ou companheiro. Se você se refere a parceiro, ambos estão se usando. Se for um companheiro, a mulher não estará sendo usada. Ambos se dão. E nessa relação onde ambos se dão, a satisfação, além de mútua, é gratificante, porque o que uniu os dois seres, foi o envolvimento emocional. Muito mais do que um simples objeto que será usado e descartado em seguida.
E quando a mulher se presta para ser um simples objeto a ser descartado, essa mulher vai entrar em processo de deterioração, porque se sentir usada e isso diminui a essência e auto-estima. Em seguida a solidão vem mesmo. Porque não encontrou nada além de nada.
Esse é o perigo que ronda as meninas, moças e mulheres de hoje em dia. Transar por transar, é colocar-se na posição de objeto descartável. Em qualquer um dos casos o preservativo é imprescindível.
Mas para chegar a transar, que haja um envolvimento emocional para que amanhã você, mulher não engrosse a fileira das mulheres solitárias, que pensam que transar é deixar a usar o corpinho.



NEIDE DE AZEVEDO LIMA Escritora, tem dois livros publicados: Primeiro Ensaio Psicológico e Abaporu o Comedor de Gente. É colunista do Diário do Iguaçu .

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