Último outono.Não muito alegre, mas nem tão triste, apenas um outono diferente.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Luiz Henrique, também tem o rabo preso


O proprietário da Revista Metrópole, Ivonei Raul da Silva, foi preso em flagrante por agentes da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) ontem pela manhã, na Capital, sob acusação de tentar extorquir R$ 1,6 milhão do governo do Estado para não divulgar um livro com supostas denúncias contra o governador Luiz Henrique, secretários e prefeitos.

Silva nega a acusação, se diz vítima de uma "armação" e garante que pretendia apenas cobrar uma dívida com o governo, que, por sua vez, nega a existência de qualquer débito.

O que aconteceu no Rio Grande do Sul não é novidade, aqui em Santa Catarina o governo foi (mais esperto) e prendeu o jornalista que estava com a bomba à explodir contra Luiz henrique da Silveira.Aqui o dono da revista foi preso. Tucanos e governistas ouriçados conseguiram a tempo abafar a denúncia.

O texto em negrito, foi extraído do site: humbertocapellari.wordpress.com
leia na íntegra.

Como um alemão vê a crise da elite guasca gaudéria

Caro Feil,

Infelizmente estive acamado nestes últimos dias tão ricos em ensinamentos sobre o caráter sócio-moral das elites dirigentes gaúchas. Meus oitenta e cinco anos já pesam.

Alegro-me se chegar ao próximo verão.Os acontecimentos recordaram-me, mal comparando, espero, a República de Weimar. Também aqui elites dirigentes encasteladas no poder resistem bravamente à superação de velhas formas de governar fazendo piscadelas sedutoras à direita truculenta sob o manto diáfano da fantasia, algo roto, mal ocultando sua face reacionária.

Vejamos.

As manchetes falam por si: o chamado "gabinete de transição" indicado por partidos da base de governo encontrará solução para a crise institucional. Nada como uma boa conserva entre iguais para resolver a crise, após as gravações do vice-governador que publicizaram práticas políticas enfim, de financiamento público por linhas tortas das campanhas eleitorais.

Os nomes foram indicados, houve certa solenidade e surgem anões... E nem poderia ser diferente: siglas com responsabilidade política como PMDB e PP (herdeiro da antiga Arena), aliados em governos sucessivos desde a democratização, são praticamente omitidas, fala-se em " partidos da base" – assim, genericamente.

O nome pomposo "gabinete de transição" é simplesmente oriundo da verbosidade de teóricos do "planejamento estratégico" tão em voga nos últimos vinte anos. Provavelmente algum dos "golden boys" do secretariado soprou com ares eruditos a expressão derivada de gestão de crise. Subintelectuais pululam nestas épocas.

Havia no tal gabinete apenas uma exceção: Jair Soares, que percebeu o caráter diversionista e tratou de escafeder-se. O motivo real da instituição do gabinete é apenas de ocultação. Procura-se criar uma rota de fuga para raposas felpudas e simular para a população um gesto aparentemente enérgico de superação.

E quanto às raposas?

Dona Yeda tem carradas de razão em estar algo magoada, ainda é uma neófita, daí seus elogios a Busatto. Responsáveis políticos (em que grau, um dia se fará o devido julgamento) tratam de comprar seguros de todo o gênero. Rigotto enuncia platitudes e é apresentado pela mídia (ZH, Correio do Povo) como coordenador da reforma tributária do governo Lula.

Simon, no alto da sua virtude, digna de um irmão leigo da Ordem Franciscana, balbuciou algumas evasivas e assinou corajosamente documento do PMDB ameaçando processar Busatto... Ganhará, ao menos, os céus.

Busatto, o inferno de sua alma dilacerada, procurando desesperadamente "seu centro" como declarou em depoimento na CPI, chamando de algozes, carrascos, os deputados da oposição, quando foi apenas um obstáculo a ser removido por iniciativa do PMDB e PP, lépidos na ação diversionista.

Do deputado Germano nada mais se sabe, a última notícia é que se encontraria no Espírito Santo, valhacouto de mafiosos. A próxima e provável vítima: o secretário de segurança Mallmann, posto de lado na nomeação do Gefreiter (cabo) Mendes, protetor da ordem, da família e da propriedade e, principalmente do espaço sagrado frente ao Palácio Piratini.

Este, o Gefreiter, é uma personagem que recorda, em suas ações intimidatórias contra movimentos sociais que protestam contra a corrupção, quase um Führer de Sturmabteilungen (tropas de assalto) em Berlim no início dos anos trinta.

Mas há gestos emblemáticos que antecipam ações e despem o poder: Yeda, a boxeadora estampada na primeira página do Correio do Povo. Um marqueteiro não faria melhor, talvez Goebbels, um gênio da raça!

Mas para além do caráter trágico-cômico dos últimos acontecimentos o que temos e que mereceria uma análise mais detida?

Provavelmente a crise mais séria das elites dirigentes conservadoras do RS, muito aquém das questões contemporâneas, aferradas a seus privilégios e incapazes de realizar o devido transformismo (Gramsci) que as torne capazes de criar um outro projeto conservador para o RS. O atual, esgotou-se.

De resto, isto pode valer também para o plano nacional, basta se ver os impasses do PSDB e Demos, cuja face golpista é evidente. Um bom início seria no plano institucional, uma reforma política para que este debate não se repita a cada dois anos. Condições mínimas: financiamento público das campanhas eleitorais, listas fechadas , revisão da proporcionalidade e limites ao papel do Senado. Isto pelo menos daria estabilidade à condução política do capitalismo brasileiro.

Todavia, a face patrimonialista da direita brasileira que se habituou a tratar o Estado como um clube privê provavelmente permanecerá. Entre o ser e o dever ser no capitalismo, talvez fosse mais pertinente radicalizar-se pela esquerda a crítica das instituições democráticas sob domínio burguês que transfigurou a política sob uma lógica puramente mercantil. Assumir uma grande campanha nacional pela reforma política – eis a nossa urgente tarefa. Lênin em seus bons momentos tem algo a nos dizer.

Abraço fraterno de um velho socialista,

Franz Neumann

Texto extraído dodiariogauche
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